Em busca do antigo sonho
Desligada dos laços do matrimônio e dos cuidados maternais pela morte do esposo e dos filhos, Rita passou a se dedicar com afinco à prática das virtudes, às obras de caridade e à oração. A caridade para com o próximo era inesgotável. Não se contentando em dar o que tinha, trabalhava com suas próprias mãos para poder fazer mais. E convidava suas amigas e conhecidas para que fizessem o mesmo.
Tudo isto, porém, não bastava para aquela alma inflamada pelo amor divino. Em seus sonhos de menina, Rita sempre tinha aspirado ao claustro como a um asilo de paz para sua alma.
Quando ia à cidade, ao passar diante das portas dos mosteiros onde teria podido servir a Deus com todas as suas forças, parecia-lhe que uma força interior e poderosa a atraía e ela experimentava uma santa inveja das virgens que ali estavam encerradas.
Mas, que abismo entre os seus primeiros anos e seu estado atual! Embora a voz que a chamava ao estado religioso continuasse forte, poderosa e insistente, Rita sabia que não podia mais levar o frescor virginal de sua vida de menina e achava-se indigna de viver entre as virgens consagradas a Deus. Rita encorajou-se, porém, e resolveu fazer uma tentativa.
Bateu à porta do convento das agostinianas de Santa Maria Madalena e expôs à superiora o seu ardente desejo. Seu aspecto humilde e piedoso causou excelente impressão na religiosa; mas o convento, que somente recebia jovens solteiras, jamais havia aberto suas portas para uma viúva, e a pobre mulher se viu rejeitada. Imaginem em que estado de alma Rita voltou a Roccaporena!
Ela continuou com suas orações, suas mortificações, suas boas obras e, tendo retomado a confiança, voltou ainda por duas vezes à porta do mosteiro de Santa Maria Madalena, sofrendo duas novas rejeições. Rita se abandonou à vontade de Deus, recomendando-se mais do que nunca a seus santos protetores.
Quando Deus a viu perfeitamente resignada e confiante, teve compaixão dela e, uma noite, quando estava em oração, ouviu chamar: "Rita! Rita!". Ela não viu ninguém e, pensando ter se enganado, voltou às suas orações. Mas, pouco depois, ouviu novamente: "Rita! Rita!".
Desta vez, teve a certeza de que não se enganara. Levantando-se, abriu a porta e foi à rua. Eram 3 homens e Rita não tardou a reconhecê-los: eram seus protetores São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolau de Tolentino, que a convidaram para segui-los.
Em êxtase, como num sonho, ela os seguiu e em pouco tempo estava em Cássia, diante do convento de Santa Maria Madalena. As religiosas dormiam e a porta estava bem trancada. A mesma porta que por três vezes se fechara diante dela, a porta que lhe era a entrada do paraíso terrestre.
Era impossível abrir essa porta por meios humanos, mas os santos que Deus enviara para acompanhá-la fizeram com que Rita se encontrasse no interior do mosteiro.
Quando as religiosas desceram para se reunir no coro, ficaram estupefatas ao encontrar a santa mulher que tinha sido insistentemente rejeitada. Como entrara ela, se o mosteiro estava completamente fechado e não havia sinal algum de abertura ou arrombamento?
As freiras se impressionaram com o relato que Rita fez do acontecido e, diante de um milagre tão estupendo, reconheceram os desígnios de Deus e admitiram jubilosas em sua companhia aquela criatura que era mais angelical que humana.
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Os três protetores |